
Só dá Flamengo - dois, três, quatro gols. Adílio, Júnior fazem o que bem entendem. O goleiro Paulo Sérgio grita. Mas todos de camisa preta e branca parecem sonâmbulos.
Em campo, Adílio sofre pênalti. Zico vai bater - e olha para a imensa mancha preta e vermelha que cobre a arquibancada. Ele escapou por pouco daqueles 6x0 de 1972 - estava concentrado, mas acabou cortado pelo então técnico Zagallo: "Vai pra casa, Zico, que hoje não precisamos de você." Durante o jogo, o grito de Júnior parece sem sentido: "Corram, corram!".
Todos estavam correndo, mas Júnior queria mais. Afinal, ele estava completando exatas 500 partidas com a camisa do Flamengo. Faltam cinco minutos. Muitos riem com os 5x0. Mas o grosso da galera exige mais um gol. A bola rebatida sobra para Andrade, que dispara um foguete. É o sexto.
Jairzinho, que entrou no Botafogo no segundo tempo esperando virar os 4x0, levanta os braços em desespero: "Não pode ser, é muita crueldade", lamenta-se o único sobrevivente daqueles 6x0 para o Botafogo, que ele ajudou a construir marcando três - um deles de letra.
A torcida do Flamengo agora podia respirar aliviada. O troco fora dado.